O ano de 2019 começou com um EL Niño fraco, que terminou na metade do ano e passou a uma neutralidade climática que está em curso até agora. O Oceano Atlântico esteve com um desvio positivo em janeiro e fevereiro, que associado ao El Niño fraco, garantiu uma excelente safra no estado do RS, tanto de soja quanto de milho.
Durante o ano de 2019 choveu aqui, na Brasitália, Condor, RS, 1.789 mm, 84% da média dos últimos 30 anos que é de 2.136 mm. Nos anos análogos que analisei mensalmente, choveu 2.012 mm e este ano choveu aqui 1.789 mm, diferença de 12%a menos, com uma correlação de Pearson de 0,91, que mostra boa confiabilidade neste método comparativo com anos passados. Teve 1 mês, junho, que a correlação com os anos anteriores não aconteceu, onde choveu bem menos do que nos anos análogos, mas nos outros 11 meses, as chuvas foram muito próximas aos volumes que ocorreram nos anos análogos dos últimos 30 anos.
Observem na imagem abaixo:
Os modelos americanos, europeus e brasileiros neste ano tiveram grandes erros na previsão dos volumes de precipitação acumulada para os meses seguintes a divulgação da previsão. Foram poucos os meses que a precipitação ocorreu de forma parecida com a previsão deles. A previsão um pouco melhor foi dos institutos do RS. Eu não consigo entender como eles podem errar tanto. Para o mês de julho agosto e setembro, por exemplo, eles previram chuvas 50% acima da média e não choveu nem a metade da média. O INMET previu para dezembro de 2019 chuvas para o RS 50% acima da média, mas não choveu nem um terço da média. Para ver como é difícil prever o clima. Me parece que se fossem usados modelos de comparação com anos análogos as previsões seriam bem mais assertivas, como eu pude constatar fazem isso já por 3 anos. Nesses 3 anos foram poucos os meses que houve grande diferença com os anos análogos do passado. Para mim a maior dificuldade é saber o que vai acontecer com a temperatura do Atlântico no verão, onde ele tem a maior correlação com as chuvas, de novembro a março e muda muito e rapidamente de um mês para outro.
As culturas de inverno se desenvolveram com baixos volumes de chuva nos meses de junho, julho, agosto e setembro tivemos os menores volumes de chuva, somados os 4 meses, nos últimos 30 anos. Em outubro e começo de novembro choveu bastante, isso prejudicou a qualidade do trigo para muitos produtores. Não ocorreram geadas tardias neste ano, nos anos análogos também não. Quem plantou trigo teve lucro este ano.
Aqui na nossa propriedade a colheita da soja foi 20% maior que a média dos últimos 10 anos e a de trigo 30% maior que a média dos últimos 10 anos.
A implantação da cultura da soja foi problemática novamente no final do mês de outubro, pois muitos realizaram o plantio com muita umidade, chuvas com volumes elevados e grande oscilação de temperatura diária e mensal, que resultou em uma emergência desuniforme, com morte de plantas e muitos replantios.
Tivemos novamente baixos volumes de chuva em dezembro associado a temperaturas muito altas, principalmente no final do mês, que provocam grandes perdas na cultura do milho e já está prejudicando a lavoura de soja.
No passado anos como este que vai começar, tivemos perdas de produtividade por danos de ácaros e tripes, quando não feito o controle. Também é um ano de cuidado com o uso de fungicidas a base de triazóis “quentes”, que podem causar fito na soja, se a lavoura estiver sofrendo com déficit hídrico e altas temperaturas.
Para 2020 as previsões são de que a neutralidade perdure no verão, outono e inverno, uma vez que existe a tendência de ter frio no outono, pois eu olhei nos anos análogos, na estação do INMET de Cruz Alta e em 80% dos anos teve ondas de frio, em abril ou maio, com temperaturas próximas de 5 graus Celsius, que nas baixadas pode haver formação de geadas.
Para a primavera de 2020 ainda é cedo para prever como será o clima. Prefiro por enquanto dizer que é cedo para qualquer previsão. Mas essa neutralidade, muitas vezes nos últimos 30 anos, durou 2 anos.
Vamos acompanhar.
Mauro Costa Beber, 30/12/2019.