O clima em maio teve a continuidade de um El Niño fraco combinado com um aquecimento do Oceano Atlântico na costa sul do Brasil. Isso favoreceu a ocorrência de grandes volumes de chuva no Rio Grande do Sul e em toda região costeira do Brasil, com acumulados diários de 250 mm em várias locais, desde o Rio Grande do Sul até na Bahia, causando prejuízos e mortes. Choveu aqui no Pontão dos Buenos em Condor, RS, 272 mm no mês de maio, em 11 dias de chuva. A média de precipitação dos anos passados com as temperaturas dos oceanos parecidas com as deste ano, em maio, é de 268 mm e a média de 30 anos é de 175 mm, portanto choveu 53% a mais que a média. Ocorreu exatamente o que aconteceu nos anos passados semelhantes a esse, com o volume de precipitação e com as temperaturas. No estado, choveu menos no sul e mais no centro e norte.
O El Niño é fraco, com desvio de temperatura em torno que 0,7ºC. No lado do Atlântico na costa sul do Brasil, o desvio da TSM (temperatura da superfície do mar) terminou o mês de maio com um desvio positivo. Nos últimos 30 anos a correlação do Atlântico com as chuvas em junho foi de 51 % (Figura 1), e nos últimos 19 anos foi de 64%, o que estatisticamente é uma grande correlação com o Pacífico é bem menor, mas importante também. A previsão do modelo americano NOAA é de chuvas acima da média para o mês de junho. Também a previsão é de temperaturas acima da média neste mês. A média do mês é de chuva aqui é de 171 mm, nos últimos 30 anos. Nos anos análogos as precipitações ficaram acima da média aqui na região, quando o Atlântico ficou com desvio acima de 1°C, quando esteve com desvio de 0 a 1°C, as chuvas ficaram na média para o mês. Então o volume de chuva do mês de junho vai depender do Atlântico, com grande probabilidade de ocorrem precipitações na média para o mês ou um pouco acima da média.
Até agora falei de clima. Quanto ao tempo, a previsão é de uma mudança do padrão para a primeira quinzena de junho. A previsão do tempo é de 10 dias sem chuva e sol a partir de segunda-feira e de passagens mais rápidas de frentes frias, com um dia de chuva, depois sol. Isso até o dia 20/06/2019. Depois é difícil prever, mas as previsões de longo prazo mostram um padrão mais chuvoso na última semana do mês.
Muitos me pedem de como podem se comportar as culturas de inverno, como o trigo. Penso que ainda é cedo para saber. Mas a produtividade do trigo é inversamente proporcional a temperatura do Oceano Pacífico, com pouca correlação com a TSM do Atlântico. Quanto mais quente o Pacífico, menor a produtividade do trigo. As previsões climáticas apontam para uma manutenção de um El Niño de fraca intensidade ou de neutralidade com viés positivo. Nos últimos anos quando isso aconteceu, tivemos uma produtividade média de trigo, pois em setembro e outubro as temperaturas médias ficam mais altas, os volumes de precipitação são elevados e não favorecem a cultura do trigo que produz mais com noites frias, dias ensolarados e pouca chuva.
A previsão climática para o inverno e primavera, divulgada dia 15/05/2019 é de continuidade do El Niño, de fraca intensidade segundo a média dos modelos dos institutos mundiais de previsão climática. Probabilidade de 57%. Seria um inverno e primavera parecidos com o do ano passado. Mas isso é cedo para saber, pois os eventos costumam mostrar uma tendência somente na primavera. Porém nas últimas atualizações do modelo americano está aumentando a probabilidade de acontecer uma neutralidade climática até o final do ano, o que muda a tendência para o próximo verão. No final do mês de junho atualizo estes dados.
Essa correlação é válida para a nossa região, metade norte do RS. Vou colocar umas imagens que mostram tudo o que foi comentado, e de onde tenho os dados para fazer estas análises.
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