No mês de novembro de 2019, aqui na Brasitália, Condor, RS, choveu 195 mm em 8 dias com chuva, depois de chover 317 no mês de outubro. A média de novembro de 30 anos é de 180 mm. A média de 4 anos parecidos com este foi de 220 mm. Choveu muito no começo do mês, assim como no final do mês de outubro. Esse grande volume de precipitação e ondas de calor muito forte, novamente causaram a morte de plantas de soja e replantio em áreas na nossa região. Interessante observar que isso aconteceu pelo segundo ano, depois de muitos anos sem replantio.
Interessante ressaltar que em 10 dias choveu 262 mm, isso do dia 27/10/19 até o dia 07/11/19. Com isso quero mostrar que média não mostra a realidade ocorrida num mês. Do dia 08/11/19 até hoje 30/11/19 choveu 55 mm. Volto a lembrar que uma das características dos anos de neutralidade é a irregularidade na distribuição das chuvas, tanto espacial quanto temporal. Chove em um local e em outro próximo não chove, como aconteceu hoje, também chove muito em poucos dias e depois fica muitos dias sem chuva. Nesta época começam as pancadas de verão que vão até fevereiro. Tivemos uma chuva que atingiu todo estado, que valeu ouro, no dia26/11 de 45 mm aqui, tinha muita semente na terra aguardando essa chuva para uma boa emergência.
Também novembro começou com um aquecimento do oceano Atlântico na costa sul do Brasil, isso favoreceu a ocorrência de grandes volumes de chuva no estado no início do mês, mas agora no final do mês ele esfriou bastante, o que pode fazer com que diminua os volumes de chuvas no estado. No Oceano Pacífico, houve uma estabilidade, com desvio negativo no Niño 1.2 (costa do Peru) de -1°C até a metade do mês e agora com pequeno desvio positivo na segunda quinzena do mês. E está estável a neutralidade com viés positivo no Niño 3.4 de 0,2°C (Pacífico central).
Podemos observar a influência do oceano Atlântico nas precipitações no Brasil, quando olhamos as notícias nacionais, em Salvador, na Bahia, choveu 230 mm em 24 horas. Em Recife também ocorreram chuvas com volumes elevados em poucas horas. Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de janeiro sofreram com acumulados volumes de chuva na região costeira. Isso ocorreu devido ao grande aquecimento do Atlântico, principalmente na costa do continente. Também para os próximos 10 dias, pode continuar chovendo muito no centro do pais.
Dezembro é um mês de média correlação com as temperaturas dos oceanos. A média de precipitação de 29 anos aqui é de 225 mm. Este ano estamos começando o mês com um rápido resfriamento das águas do oceano Atlântico na costa sul do Brasil e neutralidade com viés positivo, nas águas do Pacífico central e costa do Peru. Para o mês de dezembro, nos anos passados parecidos com este, ocorreram chuvas irregulares aqui na região, mas quando o Atlântico esteve com desvio negativo choveu abaixo da média. Da mesma forma quando ele esteve com desvio positivo choveu acima da média no mês, portanto vamos acompanhar o comportamento dele no decorrer do mês.
As previsões continuam de uma neutralidade para o verão e outono próximo. A previsão do IRI (Universidade de Columbia, EUA) e do ECMWF, modelo europeu, atualizadas na metade de novembro é de chuvas dentro da média, em todo estado do Rio Grande do Sul, de dezembro a fevereiro de 2020. A previsão destes institutos é que as temperaturas fiquem na média ou um pouco acima da média no verão. Para mim isso vai depender muito do Oceano Atlântico, ele precisa se manter aquecido na costa sul do Brasil, para isso acontecer.
No passado, principalmente de 1990 até 2005 os anos de neutralidade foram de frustração de safra no Rio Grande do Sul. Nestes anos o Atlântico na maioria das vezes estava com anomalia negativa da temperatura da superfície na costa sul do Brasil. Tivemos estiagens no estado. Mas a partir do ano de 2006 o oceano Atlântico não esfriou a ponto de causar tantas perdas de safra no Rio Grande do Sul. Nos últimos 7 anos somente em 2012 e 2018 ele esteve com uma pequena anomalia negativa em fevereiro. Vamos torcer que seja uma nova era climática.

Mauro Costa Beber, 30/11/2019

Categorias: Clima

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